O HOMEM É O QUE A EDUCAÇÃO FAZ DELE?
por Elizabeth Alves Pinto*
A finalidade deste texto é trazer uma reflexão sobre a supremacia da educação sobre a vida do homem conforme afirmação de KANT, filósofo da segunda metade do século XVIII: “O homem é aquilo que a educação faz dele”.
Primeiramente, vamos conceituar educação segundo a etimologia da palavra. Educação vem do vem do verbo latim “educare”, cuja acepção primitiva tinha o sentido de “criar” (uma criança), nutrir, fazer crescer. Assim etimologicamente, podemos afirmar que educação significa “trazer à luz”, ou seja, trazer da potencialidade à realidade.
Já filosofia (do grego Φιλοσοφία: philos - que ama + sophia - sabedoria, « que ama a sabedoria ») é a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados ao mundo e ao homem. Marilena Chauí conceitua filosofia como sendo a fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas.
Kant, autor do tema da nossa reflexão foi um filósofo da era do iluminismo. Despontou na segunda metade do século XVIII, numa época em que a sociedade acabara de se libertar do absolutismo e o homem estava sendo desafiado a “pensar por si mesmo”. Sua obra pode ser vista como um marco na filosofia moderna. E se notabiliza por duas obras clássicas, em especial: a “Crítica da razão pura”, na qual desenvolve a crítica do conhecimento, e “Crítica da razão prática”, em que analisa a moralidade. Kant define a filosofia como “a ciência da relação de todo conhecimento e de todo uso da razão com o fim último da razão humana”.
Educação para Kant é definida na seguinte frase “o homem só pode tornar-se homem pela educação”. Para ele, são as leis inflexíveis e universais da razão pura e da razão prática que elaboram o conhecimento e a lei moral, o que significa a valorização definitiva do sujeito como ser autônomo e livre, para o qual tanto o conhecimento como a conduta, são obras suas. A importância atribuída por Kant à educação encontra-se fundamentada nas obras mais clássicas, crítica da razão pura (na qual desenvolve a crítica do conhecimento) e crítica da razão prática (em que analisa a moralidade).
Na cultura ocidental, a educação visa o processo de formação humana. O homem não nasce pronto e a educação, em seus vários aspectos, forma o homem como indivíduo e cidadão. Em seus vários aspectos como, por exemplo, na família que é a primeira “escola” a educação reflete o pensamento de Kant. Quem não ouviu o ditado “educação se traz de berço”.
Deixando este primeiro grupo, o indivíduo começa com a convivência com outro grupo, na escola, instituição formal, responsável por fornecer conhecimento em geral. Neste momento, podemos notar que dependendo do tipo de ensino, do método, podemos ter crianças com vários problemas e até o aparecimento muito comum da evasão escolar.
Um pouco mais complicada fica a situação se focarmos a formação ética e política. Vemos atualmente jovens mal informados e muitas vezes mesmo alienados nestas duas áreas em função da falta da formação, da falta do conhecimento, da falta da educação ética e política.
Enquanto Kant desafiava o homem a pensar, a buscar, a questionar, hoje o que vemos é uma inércia quase absoluta neste sentido. Todos querem comer do bolo pronto, mas poucos querem prepará-lo ou mesmo, nem sabem como.
Vivemos num sistema de resultados. O aperfeiçoamento ou a degradação do homem dependem de condições exteriores e todas elas são correlatas de alguma forma com o processo educativo. Desta forma acreditamos que quando Kant diz que o homem é aquilo que a educação faz dele, tem razão pelo menos nos aspectos relatados aqui.
* Adaptado do Projeto Integrador I, trabalho do curso de Pedagogia. Novembro/2010